terça-feira, 3 de junho de 2014

Pentecostes: a consequência de um evento bem sucedido

de caráter religioso sempre.


fonte: Canção Nova
Pe. Anderson Marçal

Pentecostes: a consequência de um evento bem sucedido
No oitavo domingo dos cinquenta dias pascais, celebra-se a efusão do Espírito Santo sobre a Igreja. O significado deste domingo nos é dado pelo prefacio do Missal Romano: “Hoje se completou o mistério pascal e sobre aqueles que fez filhos de adoção em Cristo teu Filho, efundiu o Espírito Santo, que na Igreja nascente revelou a todos os povos o mistério escondido nos séculos e reuniu todas as línguas da família humana em uma profissão de uma única fé”.
O Pentecostes cristão não é a festa do Espírito Santo, entendido como Pessoa Divina em si mesma, mas a celebração de um acontecimento de salvação, ou seja, de uma das tantas intervenções de Deus, que na realização do plano da salvação decidem em modo único e definitivo das coisas do mundo. Este evento consiste sobretudo no dom do Espírito Santo.
O sentido do Pentecostes, como acontecimento de salvação, se dá pelos seguintes aspectos:
a) Efusão do Espírito Santo como sinal dos últimos tempos. Pedro cita o profeta Joel, evidenciando como o Pentecostes realiza as promessas de Deus, segundo as quais nos últimos tempos o Espírito seria dado a todos (cf. Ez 36,27). Os Santos Padres compararam este batismo no Espírito Santo, que marca a investidura apostólica da Igreja, ao batismo de Jesus, o qual marcou o início do ministério publico do Senhor. O Pentecostes, por isso, foi visto pelos Padres como o dom da nova lei à Igreja, segundo os anúncios proféticos (cf. Jr 31,33; Ez 36,27). A lei da Igreja, de fato, não é mais a lei escrita, mas o próprio Espírito Santo, como afirma o apóstolo Paulo (cf. Rm 5,5).
b) Coroação da Páscoa de Cristo. A catequese primitiva colocava em relevo que o Cristo morto, ressuscitado e glorificado à direita do Pai, leva a termo a sua obra de salvação efundindo o Espírito sobre a comunidade apostólica. O Pentecostes portanto, é a plenitude da Páscoa, o mistério pascal total.
c) Reunião da comunidade messiânica. O Pentecoste realiza em Jerusalém a unidade espiritual dos judeus e dos prosélitos de todas as nações, dóceis ao ensinamento dos apóstolos, estes participam, na comunhão fraterna, na mesa eucarística e na oração comum. O Pentecostes, porém, não é o início ou o nascimento da Igreja, se entendemos por início a sua constituição ou a sua instituição: estas foram sendo atualizadas durante a vida de Jesus, enquanto Ele anunciava o evangelho, revelava o Pai, instituía o apostolado dos Doze, fundava o primado de Pedro, inaugurava os sacramentos, etc. O Pentecostes é precisamente a vinda ao mundo da Igreja. “Vinda ao mundo” no sentido no qual se diz de uma criança que vem ao mundo, ou seja, que depois de ser gerada no seio materno, vem à luz e começa a conduzir a própria existência.
d) Comunidade aberta a todos os povos. O fato que gente de diferente língua compreenda a língua na qual falam os apóstolos diz que a primeira comunidade messiânica se estenderá a todos os povos. A divisão operada em Babel (cf. Gn 11,1-9) encontra aqui a sua antítese e o seu término positivo. O milagre de Pentecostes é por isso a resposta divina à confusão e à dispersão.
e) Envio em missão. O Pentecoste reúne a comunidade messiânica e marca o ponto de partida da sua missão. O discurso de Pedro é o primeiro ato da missão confiada por Jesus aos apóstolos e que hoje é a mesma para cada um de nós. “Recebereis uma força, o Espírito Santo… Então sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os confins do mundo” (At 1,8).

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